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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Espinhos do Amor - Capítulo 16


O Acidente

          “Pensar, refletir, meditar,...” Essa foi a única coisa que eu fiz durante o dia todo. Sim, eu estava levando ao pé da letra tudo o que a Auria disse, mas eu já sabia tudo isso o que ela me disse, eu sei o que eu quero fazer, e o que eu devo fazer, eu sei o que eu sinto, eu sempre soube, mas me faltava algo, não só o empurrão da Auria, mas também me faltava a coragem, a coragem para admitir meus erros, superar meus medos,... Está decidido! É agora ou nunca!

          #Primeiro: falar com a Auria.
          Peguei meu celular e disquei o número dela, ela atendeu no segundo toque.

          – Oi Mily.
          – Auria, me desculpe por antes, você estava certa e eu errada, aliás, você sempre esteve, eu é que nunca soube admitir. Obrigada por esse empurrãozinho, eu prometo que vou aproveitá-lo ao máximo. Depois a gente se fala, agora tem um lugar que eu preciso ir.

          Eu desliguei e saí correndo, eu precisava falar com ele, eu precisava me desculpar. Eu precisava dizer toda a verdade a ele.

          – Boa tarde Dona Carla, o Felipe está?
          – Ora, ela não estava com você?
          – Não.
          – Então onde será que aquele garoto se meteu agora?
          – Porque a senhora diz isso?
          – Depois que ele foi com vocês para a festa da escola ontem ele não voltou, eu não me preocupei muito porque achei que ele esta com você, mas se ele não está com você o que será que aconteceu com aquele garoto? – ela já estava ficando nervosa.
          – Calma Dona Carla, você conhece o seu filho, ele deve estar por ai com os amigos. Vamos tentar ligar para os amigos dele.

          Nós ligamos para todos os amigos de Felipe e nada, ninguém sabia onde ele estava. Dona Carla ligou para a polícia e mesmo assim não conseguiram encontrá-lo. Auria e Alejandro disseram que ele desapareceu depois do baile.
          Quando era umas 21h a mãe de Felipe pediu para que eu fosse para casa descansar e me prometeu que me avisaria caso ele aparecesse. Eu fui para casa, mas eu não conseguiria descansar nada. Depois de uns 30 minutos eu recebi uma ligação do celular do Felipe, mas infelizmente não era ele.

          “Se você quiser ver seu querido amiguinho de novo, venha SOZINHA até o galpão abandonado na saída da cidade. Não tente nenhuma gracinha ou ele irá sofrer as conseqüências.”

          Eu sabia muito bem de quem era essa voz: Eduardo. Mesmo sabendo dos riscos eu não pensei duas vezes antes de sair correndo para o local combinado, eu precisava salvá-lo.

          *Enquanto corria*

          “Felipe, me desculpe por tudo, como você disse, a minha alma gêmea sempre esteve ao meu lado, eu é que não podia enxergá-la, ou melhor, eu não conseguia te enxergar, eu estava tão cega pelos meus medos e insegurança que eu não conseguia enxergar o amor que estava nascendo dentro de mim. Se eu não tivesse fugido de você no baile a essa hora nós estaríamos juntos. Eu só espero que agora não seja tarde demais para abrir os olhos.”

          Já eram 22h quando eu cheguei ao galpão, estava tudo tão escuro que estava começado a me dar medo, eu sabia da armadilha que me esperava, mas eu não podia deixar o Felipe sozinho naquele lugar.
          Eu entrei de fininho, mas não havia nada lá dentro, apenas uma fraca luz no centro.

          – Então a minha querida Mily resolveu aparecer para a festa?
          Eu me virei rapidamente e pude ver o rosto daquele canalha. – Eduardo.
          – Que falta de educação, é assim que você cumprimenta o seu grande amor?
          – Não. É que eu falo com idiotas feito você. – ele vinha andando em minha direção e eu, para me afastar dele, já estava no centro do galpão.
          – Eduardo! Deixe-a em paz. Se quiser se vingar, se vingue de mim, fui eu que estraguei seus planos. – o Felipe estava falando em algum lugar atrás de mim, provavelmente preso de algum jeito, eu não conseguia vê-lo por causa da escuridão, mas só de ouvir a voz dele já me deu um alívio por saber que ele estava bem.
          – Cale a boca antes que eu me irrite! E garotos, prendam-na junto com o traidor.

          Nesse momento oito ou dez dos “amigos” do Eduardo saíram das sombras e me agarraram (eu até tentei fugir, mas eles eram muitos e mais fortes do que eu), eles me levaram para um dos cantos escuros e acenderam outra luz, o que fez com que eu pudesse ver o Felipe, ele estava preso com cordas a uma grande coluna de ferro. Quanto mais eu chegava perto eu podia ver alguns arranhões e marcas roxas pelo corpo e rosto de Felipe, ele ainda estava com a roupa do baile, mas ela estava toda suja e rasgada, com certeza houve uma briga feia. Os garotos me amarraram na mesma coluna de ferro em que o Felipe estava, de costas para ele.

          – Como você está? – eu perguntei a ele.
          – Eu estou bem. Idiota, porque você veio? Eu podia me virar sozinho aqui.
          – Me desculpe, mas foi a única coisa que eu pensei quando eu soube onde você estava.
          – Ha, ha, ha! Não me digam que vocês dois vão brigar por minha causa? Eu me sito lisonjeado assim. Mas ele está certo Mily, você não deveria ter vindo.
          – Eu já te disse Eduardo. Você pode fazer o que quiser comigo, mas deixe a Mily ir embora. – a voz de Felipe estava ficando cada vez mais fraca, ele devia estar cansado de ficar tanto tempo preso em um lugar como esse.
          – Mas que graça teria isso? Como é que dizem mesmo? Ah é: “Dois coelhos pelo preço de um.”
          – O que você pretende fazer com a gente? – perguntei ainda mais nervosa.
          – Ora Mily, você não sabe? Eu pensei que você me conhecesse, pensei que você se lembrava do que aconteceu com todos os que já cruzaram o meu caminho...

          “Sim, eu me lembrava, eu sabia o que ele pretendia e também sabia que ele não estava brincando, mas aquele não podia ser o meu fim, não podia ser o nosso fim.”

          – Mily, quando eu disser “já”, você corre pra fora daqui.
          ­– O quê? – foi quando eu percebi que o Felipe estava desamarrando as minhas cordas, assim que ele terminou eu comecei a desamarrar as cordas dele também.
          – Parem de cochicho vocês dois, se tiverem algo a dizer falem alto e claro, “Falem agora ou calem-se para sempre.” Aproveitem que essa será a ultima chance de vocês. – os amigos de Eduardo não estavam mais no galpão e todo o lugar estava fazendo um rangido estranho.
          – Já! – Felipe gritou e nós dois corremos em direção a saída.

          Quando eu estava quase na porta Eduardo agarrou meu braço, mas Felipe deu um soco no rosto dele o que me permitiu escapar, mas Eduardo ainda conseguiu se levantar e agarrar Felipe.

          – Não tão devagar. – Eduardo disse.
          – Felipe!!!
          – Mily, saia daqui agora! Eu ficarei bem.

          Eu saí, mas enquanto estava correndo o galpão todo se desfez atrás de mim e quando eu me virei só havia uma grande pilha de entulhos na minha frente.

          – FELIPE!!!

          Eu estava desesperada, mas precisava fazer alguma coisa, então peguei o meu celular e liguei pra todos os lugares possíveis: bombeiros, polícia, ambulância, Dona Carla, meu pai e até para a família da Auria e do Alejandro.
          Dentro de dez minutos, todos já estavam lá, os bombeiros estavam tirando os destroços do galpão tentado encontrar os garotos, a polícia me fazia milhares de perguntas do que e como tinha acontecido, eu respondia tudo e minha família e amigos estavam me dando o maior apoio.
          Já passava da meia-noite quando encontraram os garotos, por sorte eles estavam vivos, mas estavam inconscientes, eles foram levados direto para a UTI porque estavam com grandes riscos de vida.

          Se passaram quatro dias e os dois garotos ainda estavam no hospital, os dois estavam em coma e os riscos ainda eram grandes. Eu não saí do hospital desde o dia do acidente, mesmo não podendo ver o Felipe, eu queria estar por perto quando ele acordasse.
          De repente, apareceu o médico que estava cuidando dos garotos e pediu para falar com os pais de Felipe e de Eduardo, eu não sabia o que era, mas com certeza era grave. Eu tentava ouvir a conversa, mas eles estavam muito longe e estavam falando baixo, mas eu ouvi uma parte claramente: “Sinto muito ter de lhes informar isso, mas o garoto acabou de falecer.”

          Com essas palavras o meu coração parou, isso não podia estar acontecendo, sem pensar eu saí correndo em direção ao quarto em que Felipe estava e o abracei, talvez pela última vez, e comecei a gritar tudo o que estava preso no meu coração.

"Prontos para o último capítulo?"

4 comentários:

  1. Continua logo T-T
    Que emocionante T-T

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  2. Eduardo morreu u.u
    Bem feito, eu te disse para não se envolver com ele u.u
    Rhum. A Auria sempre tem razão u.u
    XD
    Ain, tá muito emocionante *O*
    Essa coisas de ser ou não ser, és a questão Ò.Ó
    XD
    Adorei, onee *O*

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